A Ovinocultura No Nordeste Brasileiro
Zootecnia

A Ovinocultura No Nordeste Brasileiro



A ovinocultura desenvolvida no Nordeste brasileiro teve sua origem na importação de animais de raças europeias trazidas pelos jezuítas e colonizadores. De modo geral estes animais foram criados extensivamente, e para se adequarem as condições edafo-climáticas da região desenvolveram mecanismos biológicos apropriados, dando origem a vários grupos ou raças nativas da região. Em consequência desta adaptação ao sistema de produção houve uma redução na capacidade produtiva dos rebanhos (em carne, leite e tamanho corporal). No entanto, apesar dessa seleção natural ter ido no sentido negativo da produção, o nordeste possui hoje excelente material genético para produção de pele e carne de qualidade, desde que seja  empregado um nível minimo de tecnologia.
Ovinos da raça Santa Inês; Foto: Rebanho Queimdas
 (www.rebanhoqueimadas.blogspot.com.br)

Hoje o Nordeste detém mais de 50% do rebanho nacional de ovinos. E ainda é possível prever que a tradição nordestina nesse tipo de cultura, aliada a um conjunto de ações dos setores públicos e privados, podem fazer surgir na região um grande celeiro produtor de ovinos e caprinos para atender à crescente demanda interna e externa pela carne desses animais (Ferreira, 2006).
Apesar de apresentar o maior rebanho brasileiro  de ovinos, a região Nordeste ainda tem sua produção basicamente voltada a subsistência, representando uma importante fonte de alimento para as populações do meio rural. Apenas uma parcela pequena da produção de ovinos está voltada a servir à industria, a maioria ainda utiliza técnicas primarias.
Na época de chuvas, a alimentação dos animais é proveniente exclusivamente da pastagens nativa - caatinga - e, em alguns casos, da pastagem melhorada. Já na época seca os animais são colocados nas áreas de colheita para aproveitarem os restos das culturas. Algumas propriedades mais tecnificadas, fornecem suplementação com grãos e outros alimentos.
Os rebanho geralmente são constituídos de animais nativos, sem raça definida (SRD) ou mestiços. Na sua maioria são ovinos deslanados  como o Santa Inês, Morada Nova, Somalis Brasileira, Cariri e seus mestiços, e com a promissora  tecnificação da atividade na região já é possível observar também a boa aceitação e adaptação de ovinos da raça africana Dorper e seus cruzamentos.

Rebanho de ovinos na Paraíba; Foto: site www.brejo.com 
Geralmente as instalações para criação de ovinos no nordeste são bem simples, em alguns casos existem cercas apropriadas para contenção dos animais. As propriedades que adotam esses simples sistema de criação apresentam baixo nível de tecnologias com índices de produtividade de 70-80% de fertilidade ao parto, 30-35% de partos gemelares, 20-25% de mortalidade de 0-1 ano, 7-8% de mortalidade de adultos e 18-24 meses de idade ao abate.
Esse rebanhos são muito acometidos por ecto e endoparasitas, linfadenite caseosa e o ectima contagioso , no entanto já verifica-se com regularidade o emprego de algumas praticas sanitárias como vermifugação esporádica, vacinação, e tratamento do umbigo.
Em geral a comercialização dos animais ocorre nas próprias fazendas e em feiras agropecuárias, é muito comum a existência de um intermediário, que adquire esses animais na propriedade e os repassam param a industria.
Carcaças de ovinos; Foto: www.farmpoint.com.br
Apesar do consumo de carne de ovinos apresentar tendências positivas de crescimento, o setor demonstra um desequilíbrio entre a produção na propriedade, o abate formal de animais e o setor de curtimento das peles, tornando necessário o trabalho conjunto dos diversos elos da cadeia produtiva, de maneira a reduzir os custos operacionais e aumentar a lucratividade e a sustentabilidade do sistema (Couto & Medeiros, 2000).

Outro grande problema apresentado pela comercialização de ovinos é quanto a origem da carne comercializada, pois há falhas severas na padronização, problema este que já vem sendo trabalhado pelas associações de criadores, a exemplo da ACCOBA (Associação dos Criadores de Caprinos e Ovinos da Bahia) que insensiva e auxilia seus associados a buscarem qualidade e padronização nos seus animais.
Estima-se que mais de 90% dos abates totais do nordeste sejam feitos de forma clandestina, os abatedouros oficiais trabalham com grande capacidade ociosa. Assim sendo, falar em qualidades sensoriais como sabor, maciez e suculência ou de valorização da carcaça por meio de cortes regionais, parece não ter muito sentido. Com a notável exigência do consumidor atual  e a necessidade de se oferecer um produto de maior qualidade e bem embalado, é provável que em breve haja  uma solidificação da ovinocultura de corte como uma atividade empresarial de forma que as ações da cadeia produtiva sejam conduzidas pelos custos de produção e preço final dos produtos.
Rebanho de ovinos srd; Foto: Honório Barbosa
(Diário do Nordeste -www.
diariodonordeste.globo.com)
Um outro fator importante que efluência na comercialização da carne é a confusão que as pessoas fazem entre caprino e ovino. São animais de especies distintas cujos produtos deves ser devidamente diferenciados para o mercado consumidor. Deve se coibir a propaganda enganosa, onde vende-se carne de ovino como sendo "carne de bode".
Já se sabe que a ovinocultura só irá prosperar quando houver aproximação e envolvimento de toda cadeia produtiva, com profissionalismo e adoção de tecnologias viáveis e apropriadas, que contribua para que o custo da produção permita um lucro satisfatório. Sendo assim, o produtor deve buscar identificar os fatores de produção que deverão ser trabalhados para adequar seus custos às condições de mercado, buscando a otimização econômica do seu sistema de produção.



Referências Bibliográficas : 























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