O comércio bilateral entre Brasil e Rússia será ampliado e vai ganhar mais peso daqui para frente. A avaliação é do ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Wagner Rossi. Ele chefia a missão oficial brasileira que está em Moscou para negociações com autoridades russas e a instalação do Comitê Consultivo Agrícola Brasil-Rússia. Nesta segunda-feira, 11 de outubro, ele e a ministra da Agricultura, Elena Skrínnik, assinaram o memorando de entendimento para a instalação do órgão bilateral.
"As reuniões são produtivas e uma oportunidade para elevar o diálogo e intensificar as negociações", comentou o ministro. Rossi considera que a criação do comitê é um marco nas relações entre os dois países. "As próprias autoridades russas deixaram isso claro ao realçarem o peso da parceria com o Brasil".
Nas reuniões de cúpula, o ministro expôs a situação da produção rural brasileira, que este ano bateu recorde de safra, superior a 149 milhões de toneladas de grãos. Ele expôs ainda como a pecuária nacional está buscando ganhar competitividade, assumindo compromissos com a redução dos gases de efeito estufa. Rossi destacou as políticas de desenvolvimento sustentável empreendidas pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para elevar a produtividade e garantir a preservação do meio ambiente.
Ainda nesta segunda-feira, Wagner Rossi esteve reunido com a ministra do Desenvolvimento Econômico da Rússia, Elvira Nabiulina. Um dos principais itens da pauta de negociações com o governo do presidente Dmitri Medvedev é a ampliação do acesso das carnes brasileiras ao mercado russo. Ao mesmo tempo, os russos querem ampliar a pauta de exportações para o Brasil.
Segundo Rossi, as autoridades sinalizaram que ainda em outubro devem ser definidas novas regras para países fornecedores de produtos agropecuários, o que poderá beneficiar diretamente o Brasil. Ele aproveitou os dois encontros para convidar as ministras a visitarem o país no próximo ano.
Carnes - As carnes são um dos principais itens da pauta de exportações, que inclui outros produtos nacionais vendidos à Rússia, como açúcar, fumo e café. Atualmente, o Brasil comercializa carnes bovina, suína e de aves com regras definidas numa política de cotas que contempla outros parceiros comerciais russos, como Estados Unidos e União Europeia. "Não queremos privilégios, mas temos condições de fornecer as melhores carnes para o mercado russo em condições mais vantajosas, inclusive para o consumidor do próprio país", disse Wagner Rossi. Uma das medidas em estudo pelos russos é a criação de um regime de tarifas, o que pode vir a ser considerado positivo.
A Rússia tem sido o principal destino das exportações brasileiras de carnes suína e bovina. Apenas de carne bovina in natura, o Brasil embarca anualmente o equivalente a US$ 1 bilhão, o que representa 25% da nossa pauta de exportações para aquele país. Mas, diferentemente de Estados Unidos e União Europeia, o Brasil não tem cota específica, acessando a denominada cota "outros países", por uma opção estratégica.
Fertilizantes - Mas, se por um lado o Brasil quer vender mais carnes, em contrapartida, o governo Medvedev tem interesse em ampliar a participação russa no mercado brasileiro de defensivos agrícolas e fertilizantes. O país asiático é hoje um dos maiores fornecedores de fertilizantes para o Brasil e há interesse dos dois governos em estimular o comércio direto entre empresas russas e compradores brasileiros. Os russos também vêm buscando ampliar a venda de outros produtos, como o trigo, para o mercado nacional.
"As negociações em alto nível serão intensificadas agora, por conta do comitê consultivo, e os primeiros resultados devem sair ainda este ano", diz Wagner Rossi. Ele adiantou que, por sugestão da ministra Elena Skrínnik, uma nova rodada de conversas deve ser realizada durante a Semana Verde, em Berlim (Alemanha), em janeiro de 2011. "É uma feira importante e já adiantamos que temos todo o interesse na agenda", afirma.
Além do ministro Wagner Rossi, integram a comitiva oficial brasileira os secretários Célio Porto (Relações Internacionais do Ministério da Agricultura), Francisco Jardim (Defesa Agropecuária) e Welber Barral (Comércio Exterior), além de funcionários dos ministérios da Agricultura, do Desenvolvimento, Indústria e Comércio e das Relações Exteriores, bem como técnicos da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Pelo lado russo, as negociações incluíram o chefe do Serviço Veterinário e Fitossanitário, Sergei Dankvert.
Na terça-feira (12/10), Rossi se reuniu com importadores russos e empresas brasileiras envolvidas no agronegócio no país asiático. Representantes da iniciativa privada querem ampliar mercados e promover investimentos tanto no Brasil quanto na Rússia. "É natural que o peso dos mercados dos nossos países desperte interesse do setor privado", avalia o ministro da Agricultura. "Afinal, estamos falando de mercados significativos e potencialmente promissores que estão emergindo no cenário internacional como grandes jogadores".
Mapa
loading...
Secretários do Ministério da Agricultura debatem a volatilidade dos preços dos alimentos com representantes de 47 países e União Europeia Os secretários de Defesa Agropecuária, Francisco Jardim, e de Relações Internacionais, Célio Porto, ficam...
O Brasil mantém-se à frente no seleto grupo dos maiores produtores mundiais de alimentos. E pode avançar ainda mais, ampliando sua participação no mercado. Essa é a avaliação do ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Wagner...
O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), Miguel Jorge, e o Ministro de Indústria e Comércio da África do Sul, Rob Davis, discutiram mecanismos de complementação e integração de mercados entre os dois países, na manhã...
O ministro da Agricultura, Wagner Rossi, fará uma visita-relâmpago à Rússia na próxima semana para negociar condições mais favoráveis de acesso às carnes brasileiras no país asiático.Na mesa, estarão as reivindicações do Brasil para alterar...
Os Estados Unidos podem dar sinal verde para a importação de carne suína e bovina de Santa Catarina até o próximo dia 20. Segundo o presidente da Associação Brasileira das Empresas Produtoras e Exportadoras de Carne Suína (Abipecs), Pedro Camargo...