Os ovinos foram domesticados há cerca de 10 mil anos. Desde então, vêm acompanhando o homem em toda sua evolução, com o objetivo de produzir alimentos e vestuário. Atualmente, além do foco na produção de animais para abate, existe uma crescente demanda por animais chamados “elite”, os quais são destinados às exposições, feiras e leilões, sendo vendidos a preços elevados. Dentro deste contexto, a informação sobre genealogia apresenta uma grande importância, pois animais de “boa linhagem" e "melhoradores” recebem maiores valores. Neste sentido, nas grandes exposições espalhadas pelo País, vários criadores e técnicos se empenham para que sejam colocadas nestes eventos animais que representem as boas características das raças às quais pertencem. Esse empenho se justifica pelo fato de que, ao final de cada exposição, estão sendo criados e/ou atualizados rankings de criadores e expositores, fazendo com que a valorização dos animais seja cada vez maior.
O regulamento de Registro Genealógico de Ovinos no Brasil, aprovado pela Associação Brasileira de Criadores de Ovinos (ARCO), estabelece no Capítulo VII, artigo 19º, que os livros de Serviço Registro Genealógico deverão conter, além da “comprovação de origem”, anotações de cria, transferência, mortes e observações específicas sobre cada animal.
No que diz respeito à comprovação de origem, as comunicações de cobertura e nascimento são informações que devem ser levadas em consideração para fins de registro. Na sequência, a “Inspeção ao Pé da Mãe” é obrigatória e deverá ser solicitada pelo criador, efetuada com os produtos já identificados, e antes que sejam separados da mãe pelo desmame, surge aqui uma dúvida: esta prática é realmente realizada de forma correta e eficaz?
Após a comprovação das informações enviadas pelos criadores e técnicos, a ARCO então emite o certificado de registro genealógico dos animais, onde constará: nome do Criador, Estabelecimento e Raça, nome, número de inscrição, código de rebanho, tatuagem, sexo, tipo de parto (simples ou múltiplo), e dados do pai e da mãe dos produtos e no caso de animais puros de origem (PO). Constará também a genealogia até a quinta geração. Observa-se que são informações extremamente importantes para os rebanhos, tendo em vista que são de interesse do criador que os detalhes estejam descritos de forma clara, já que os mesmos têm interesse em colocar seus animais em julgamentos individuais e também em julgamentos de progênie.
É comum ouvirmos comentários acerca de rebanhos “fechados”, o que leva ao entendimento de que estes sejam consanguíneos. Porém, por definição, a consanguinidade tende a aumentar, diminuindo a variabilidade genética e as performances produtivas da raça, fato que está associado à redução dos rendimentos dos criadores, e que contribui para o abandono da raça. Esta redução, no entanto, não acontece em vários rebanhos considerados de elite, fato que pode ocorrer, caso a consanguinidade seja utilizada de forma adequada. Todavia, para que esse bom desempenho possa ser alcançado, a consanguinidade deve ser utilizada com critérios bastante rígidos, e apoiados em bons critérios de seleção, os quais auxiliam a pressão de seleção.
Entretanto, com o objetivo de aumentar a confiabilidade destas informações, recursos da biotecnologia moderna podem e já estão sendo inseridos na área animal. Além de auxiliar na identificação da genealogia, servirá também para que farsas sejam descobertas e, assim, para que a seriedade com que deve ser conduzida a ovinocultura prevaleça. Neste sentido, o uso de marcadores moleculares (segmentos de ácido desoxirribonucleotídeo – DNA), que além de determinar características de origem econômica, também ajudam na identificação da genealogia dos animais, o que pode ser de grande efeito na eliminação dos aventureiros, que se aproveitam do grande momento que a ovinocultura atravessa.
Neste sentido para a próxima Exposição Nacional da raça Santa Inês, já se fala em utilização de uma ferramenta da biotecnologia, onde as novas progênies terão DNA. Atitudes como esta, contribuirão com a crescente melhoria da atividade e, certamente, proporcionarão maiores retornos aos bons criadores de ovinos que estão espalhados por todo o País.
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