SEMANA DO AVESTRUZ
Zootecnia

SEMANA DO AVESTRUZ



PRODUTIVIDADE DO AVESTRUZ

Avaliando o consumo de carne bovina no Brasil que hoje é estimada pelo Sindicato da Indústria da carne e derivados é de 5,0 milhões de toneladas por ano, façamos uma previsão de participação de 1 % da carne de avestruz no mercado interno, o que significa 50 mil toneladas por ano. Se cada avestruz abatido fornecer em média 30Kg de carne, seria então necessário um abate anual de 1,5 milhões de aves. Para este potencial de produtividade, necessitaríamos formar um rebanho de 55 mil fêmeas e até 55 mil machos, totalizando 110 mil reprodutores. Considerando que atualmente o efetivo nacional não chegou a esse número de reprodutores, o mercado da venda de aves jovens para reprodução é bastante favorável.

Por se tratar de atividade nova no Brasil, os parâmetros apresentados a seguir baseiam em literatura norte americana, ou seja, valores médios obtidos para a produtividade de avestruzes criados nas fazendas dos EUA.

Período de vida produtivo

35 a 40 anos

Esperança de vida

70 anos

Porcentagem de reposição por ano

3%

Número de ovos férteis/ave/ano

40

Porcentagem de pintos nascidos por ovos férteis

50%

Número de pintos com 30 dias por fêmea

18

Porcentagem de perdas de 1 a 6 meses

16%

Número médio de avestruzes de ano/fêmea/ano

14

Fonte: Jobes, 1995


Gestação/
Incubação

Período Engorda

Animais Abatidos/
Fêmeas/ano

Produção Carne

Produção Couro

Produção Plumas

42 dias

1 ano

20 a 30 aves

750 Kg

30 m2

30 Kg


Vantagens


- Sensibilidade do consumidor a carnes alternativas mais saudáveis;
- Unidade animal/área;
- Mão de obra disponível;
- Tradição no tratamento e utilização de couros;

- Tradição Agropecuária;
- Condições ambientais favoráveis.


Desvantagens


- Investimentos altos;
- Inicialmente, demanda a importação de muitos animais;

- Falta de experiência técnica;

- Carência no suporte da criação (rações, equipamentos, etc.).


O mercado da criação de avestruz não foge muito à regra do início de uma nova atividade zootécnica em um país. Como a própria história revela: os EUA começaram a criar avestruzes por volta de 1975 e somente 20 anos depois se iniciou o abate naquele país. Na Itália criam-se avestruzes desde 1979 e só recentemente se montou um abatedouro naquele país.


Acompanhando a evolução mercadológica, dividimos a criação em duas fases:


- 1ª fase (Breeding phase), caracterizada pela comercialização de reprodutores, onde o valor agregado do animal é elevado, inviabilizando o seu abate. Dependendo da intensidade da criação, esta fase dura cerca de 10 anos ou mais.


- 2ª fase (commercial phase), caracterizada pela comercialização de animais para o consumo. O número de animais disponíveis, agora é elevado, reduzindo o seu valor de mercado como reprodutor, viabilizando a sua exploração no abate.


INSTALAÇÕES PARA AVESTRUZ

Na criação de avestruzes, assim como em qualquer outra exploração animal, as instalações têm uma função de apoio às atividades ligadas ao processo produtivo. As principais funções são: facilitar o manejo alimentar, sanitário e reprodutivo; oferecer conforto e segurança aos animais; proporcionar condições para obtenção de índice de produtividade à exploração e condições de contenção e biossegurança, impedindo que as aves tenham contato com outros animais da fauna regional, sendo esta uma exigência do IBAMA. Resumindo são instalações, para a criação racional de avestruzes, todas as benfeitorias necessárias para cria, recria, reprodução, incubação e manejo dos animais.


Antes do início da implementação do projeto, a escolha de um bom local é imprescindível para a obtenção do sucesso. Devemos optar por uma área a mais plana possível, sem muita necessidade de utilização de solos férteis, mas com boa drenagem (solos mais arenosos) e por região com baixa pluviosidade, possibilitando, assim, um maior período de animais em reprodução e uma baixa contaminação dos ovos, fatores que proporcionarão uma maior produtividade.


O local ainda deve ser de fácil acesso a compradores e fornecedores, pois, é importante um canal adequado para escoar a produção para o mercado. A propriedade também deverá ter fornecimento de energia elétrica, para possibilitar a incubação artificial dos ovos. É muito importante o planejamento prévio das instalações e piquetes e também sua distribuição dentro da área. Esta medida beneficia o manejo e a segurança sanitária do plantel.


Podemos dividir a propriedade basicamente em 4 setores: setor de incubação; setor de creche ou cria; setor de recria e setor de reprodução. A distribuição dos setores deverá ser feita de tal maneira que, animais e funcionários, que tenham contato com avestruzes de uma categoria mais velha, e que tenham de passar por setores com animais de categoria mais jovem, realizem uma adequada higienização, diminuindo assim, os riscos de contaminação.


No manejo diário, os funcionários deverão ser alocados por setor ou estabelecer uma rotina, de forma a respeitar o fluxo de idade dos animais, entre os diferentes setores, ou seja, os trabalhadores devem ser iniciados pelo manejo dos animais mais jovens, passando-se, depois, para as categorias com mais idade.


CONTENÇÃO DO ANIMAL


Os avestruzes comportam-se de forma imprevisível em diferentes situações de manejo. Os machos, em particular, durante a estação de reprodução podem ter comportamento muito agressivo, o mesmo podendo ocorrer com algumas fêmeas adultas, tornando-se tão agressivas quanto os machos. Lembrando sempre da imprevisibilidade do comportamento do animal, deve-se tomar os devidos cuidados: as pessoas não podem entrar nos piquetes sem uma vara que pode ser bifurcada, com 2,5 m de comprimento e com um plástico preto fixado na extremidade para conter, caso se faça necessário, as aves agressivas. Os filhotes e a maioria das aves adultas são facilmente controladas por uma ou duas pessoas.


Para o manejo dos adultos é importante a utilização de um capuz colocado sobre a cabeça do avestruz porque, de olhos vedados, tornam-se mais dóceis. No entanto, o capuz deve permitir a entrada suficiente de ar para que a ave possa respirar livremente. O uso do capuz todas as vezes que for segurar as aves, desde filhotes, faz com que elas se habituem, reduzindo o stress.


As aves podem ser presas, usando um brete ou capturadas com uma vara curva, semelhante a um cajado de pastor, com 4 cm de diâmetro e 3,0 m de comprimento. O gancho deve ter cerca de 6,25 cm de largura, de modo a se adaptar frouxamente em torno do pescoço da ave mas de forma que a cabeça não escape Na hora de capturar, leve um grupo de aves para dentro do pátio de manejo, mesmo que apenas algumas delas devam ser capturadas. Elas devem ser tocadas e cercadas num canto do pátio. Então, a pessoa que vai fazer a captura deve se aproximar calmamente, com a vara curva pronta, com a ajuda de dois ou três auxiliares.


A aproximação deve ser feita pela lateral ou por trás, para evitar os chutes defensivos do avestruz. Então, o pescoço é preso pelo gancho da vara, na junção da cabeça, puxando, sem torcer, pois o pescoço quebra facilmente. Os auxiliares ajudam a segurar o animal, um na cauda e um em cada asa, enquanto é colocado o capuz na cabeça. Deve-se ter cuidado para que a ave não caia com o gancho em volta do pescoço. Faz-se então o manejo desejado ou o animal é conduzido ao transporte.


Alguns criadores colocam a ave em um saco grande para evitar agitação nos casos de transporte para locais próximos. A contenção manual de ratitas é potencialmente perigosa, tanto para o tratador como para o animal.


As aves ratitas reagem rapidamente quando se sentem ameaçadas e freqüentemente pulam e esperneiam, dando coices violentos para a frente. As unhas e os dedos tornam-se então armas formidáveis, portanto o pessoal deve ser orientado a reagir apropriadamente.


Os avestruzes jovens podem ser apanhados segurando as pernas firmemente e elevando a ave acima do chão. No caso de animais adultos, a cabeça é apanhada e imediatamente encapuzada, para que a visão do animal seja bloqueada. O capuz pode ser feito com um pano escuro ou uma meia grossa, com elástico na extremidade mais larga e um orifício na extremidade oposta para o bico. Um aro metálico na ponta de um bastão pode auxiliar a colocação do capuz e a condução da ave. Uma vez tendo a sua visão bloqueada, a ave sentir-se-á completamente dominada, podendo ser conduzida, agarrando-se suas asas e fazendo-se alguma pressão para baixo, para impedir que ela pule, especialmente quando passar de um tipo de piso para outro tipo com textura diferente.


Uma pressão maior e contínua fará com que a ave assente-se gradualmente. Deve-se lembrar que o avestruz não consegue chutar para os lados ou para trás. A dificuldade só existe quando se permite que a ave pule ou caia sobre um dos lados. Em todas as situações de contenção manual, deve-se instruir todos os auxiliares para que ajam de maneira coordenada, rápida e tranqüila. Deve-se ter todo empenho em não estressar os animais.


Nunca se deve amarrar um avestruz para o transporte. O esforço violento da ave para se libertar acaba provocando lesões graves. A solução ideal consiste utilizar caixotes individuais de madeira ou chapa de compensado, no tamanho da ave, com furos para a ventilação. O fundo destes caixotes pode ser revestido com capim seco. Os caixotes podem ser acondicionados em engradados, na carroceria de um caminhão ou caminhonete, jamais em caminhões-baú, em que a temperatura sobe demasiadamente e a ventilação é insatisfatória. O transporte deve ser feito na parte mais fresca do dia ou à noite.


A utilização de drogas tranqüilizantes como os benzodiazepínicos (Diazepam, Valium, etc., na dose de 5 a 1O mg/Kg de peso corporal) podem ser de grande valia para diminuir o stress dos animais durante o transporte.


A administração intramuscular de hidrocloreto de ketamina, 25 a 5Omg/Kg de peso corpóreo, e uma combinação de hidrocloreto de tiletamina e hidrocloreto de zolazepam, 2 a 5 mg/Kg de peso corporal, têm sido utilizados em ratitas, principalmente para captura, algumas vezes utilizando-se dardos e pistolas. As aves geralmente se acalmam com doses menores e desmontam com doses maiores. O uso de ketamina isoladamente pode provocar efeito paradoxal com doses baixas, ou seja, a ave pode ficar excitada. Mendes, 1990, comenta que em geral, a contenção química pode facilitar a movimentação de ratitas para dentro de gaiolas ou caixas de transporte, mas produz muitos problemas quando usada em dosagens maiores para imobilização total.


ANESTESIA


O halotano é um agente satisfatório para produzir anestesia geral em ratitas. A dificuldade primária ocorre durante a indução ou recuperação, quando as aves precisam ser contidas para prevenir danos. O processo de indução por respiração na máscara precisa ser cuidadosamente observado porque o padrão de respiração rápida da ave estressada poderá resultar em rápida depressão.


Uma vez que a ave tiver atravessado o período de indução, um tubo endotraqueal poderá ser facilmente passado e a anestesia mantida indefinidamente. Todas as espécies de aves irão experimentar quedas bruscas de temperatura corpórea, especialmente durante procedimentos prolongados. E recomendável que se isole o animal ou se providencie alguma fonte externa de calor para ajudar a manter a temperatura. Em algumas poucas situações, leituras cloacais de 34,5 a 35ºC, foram observadas durante procedimentos de uma a duas horas, sem que as aves desenvolvessem complicações pós-operatórias.


Em aves previamente imobilizadas com hidrocloreto de ketamina a 25mg/Kg, via intramuscular, a ketamina dada via venosa pode produzir anestesia adequada em doses de 5 a 1O mg/Kg. Doses adicionais de 5mg/Kg são requeridas a intervalos de 10 a 15 minutos para manter uma profundidade adequada de anestesia.




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