Um peixe que vai muito além da ornamentação
Zootecnia

Um peixe que vai muito além da ornamentação


Carpas podem ser criadas em policultivo, com quatro espécies diferentes num mesmo açude através de um sistema orgânico de alimentação 
Se as carpas simbolizam persistência, coragem e sucesso para as tradições culturais chinesas, no Brasil, elas podem representar prosperidade, geração de renda e melhor aproveitamento da água de açudes. Significados nem tão distantes assim. Na região de Taquara, no Rio Grande do Sul, a Emater vem incentivando uma alternativa para a criação de quatro diferentes espécies do peixe em um mesmo ambiente. É o chamado policultivo de carpas.
O objetivo é, a partir dos hábitos alimentares de cada alevino, melhorar a qualidade da água dos açudes. Para isso, Claudionir Fernandes da Rosa Ávila, técnico em agropecuária da Emater/RS explica que são utilizadas as carpas capim, húngara, prateada e cabeça grande e que todas trabalham em áreas distintas, o que garante harmonia na convivência entre elas dentro do açude. 
A capim, como o próprio nome diz, se alimenta de gramíneas, que, segundo as orientações de Claudionir, devem ser plantadas próximas às represas onde os peixes serão criados. Já a húngara é um tipo onívoro, ou seja, come resíduos vegetais ou animais no fundo dos lagos. E, por último, os dois tipos que funcionam como filtros: a prateada, que consome fitoplânctons, e a cabeça grande, os zooplânctons. 
Cada uma delas fazendo seu trabalho, melhora a qualidade da água para a outra. A húngara, por exemplo, limpando o fundo, diminui o acúmulo de material orgânico, enquanto as outras ajudam a consumir os plânctons. O produtor deve ter as plantações de capins perto dos açudes, para facilitar o fornecimento diário e, na formação dos organismos microoscópicos, até em função de custos, recomendamos a adubação orgânica através de esterco animal disponível na propriedade rural mesmo. Afinal, as rações são caras – comenta o técnico da Emater. 
Claudionir Ávila acredita que os grandes benefícios do policultivo para o agricultor são aproveitar os açudes de forma adequada e, também, oferecer ao mercado peixes criados em sistema orgânico. Para chegar a um produto de qualidade, ele ressalta que a área de criação não deve ser muito grande, principalmente porque a região de Taquara é predominantemente formada por pequenas propriedades, algumas com relevo bastante ondulado. Os açudes podem variar de mil a 3 mil metros quadrados, com a densidade de um alevino para cada 4m2. 
Para agregar valor à produção, o criador que tiver condições pode realizar a rotação dos animais em diferentes açudes. Isso facilita o manejo, pois, na hora da despesca, um viveiro estará seco enquanto o outro funcionará normalmente. E até para realizar a desinfecção anual essa técnica é bastante apropriada. Mas, se houver um açude apenas, a limpeza deve ser feita a cada dois anos. Outro ponto importante é a questão da entrada e saída de água. Quando se tem mais de uma represa, cada uma deve ter o fornecimento de água independente, pois isso evita que doenças sejam transmitidas – reforça Claudionir. 
Outra preocupação que o piscicultor precisa ter é com os predadores. O principal deles é a traíra, que se alimenta das carpas. Por isso, e ainda por eventuais perdas, o produtor se utiliza da densidade orientada, com o acréscimo de 50% de alevinos. Por exemplo, num âmbito de mil metros quadrados, seriam colocados 365 alevinos, com 35% de carpas capim, 35% de húngara, 15% de prateada e 15% de cabeça grande. 
A pesquisa nasceu há mais de 15 anos no município, por iniciativa da Emater. Temos tentado trabalhar e dar prosseguimento a isso. Temos a unidade de observação participativa, no intuito de trazer mais pessoas para a atividade. Aqueles que estão iniciando, ou tem vontade de começar a sua criação, e não tem conhecimento, conseguem observar a produção de peixes em grupo e chegar a algumas conclusões, para finalmente implementar o método em sua propriedade – conclui o técnico. 

Para maiores informações, basta entrar em contato com a Emater/RS – ASCAR pelo telefone (51) 2125-3144.



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